O segundo trimestre começou com um forte tombo nas bolsas de Nova York. Receios de uma guerra comercial reacenderam com a decisão da China de taxar produtos agrícolas dos EUA. Mas o principal catalisador de incertezas para os mercados veio da Casa Branca. O presidente americano, Donald Trump, usou o Twitter para atacar a gigante do varejo on-line Amazon.

Apesar do recuo, analistas e gestores não enxergaram o revés como um mau presságio para as bolsas globais no médio prazo. “Da mesma maneira que os medos sobre juros e inflação suavizaram nas semanas recentes, nós acreditamos que as preocupações com tecnologia e comércio exterior vão sumir com o tempo e preparar o mercado para a retomada”, afirmou o

Ontem, no primeiro pregão do segundo trimestre, o Dow Jones recuou 1,9% e terminou em 23.644,19 pontos, no menor nível desde 23 de março. O S&P 500 caiu 2,23% a 2.581,88 pontos e encerrou a sessão no patamar mais baixo desde 8 de fevereiro. Além disso, o índice fechou abaixo da média móvel de 200 dias, de 2.589 pontos, pela primeira vez desde junho

O Nasdaq foi ainda mais afetado e amargou a maior queda diária em dois meses, de 2,74%, aos 6.870,11 pontos. O índice era o único entre os pares a ainda sustentar ganhos no ano, mas, depois de ontem, passou a cair 0,5%.

A fraqueza exibida pelos papéis de tecnologia nos últimos pregões se acentuou com os temores de que o governo americano pode trazer uma regulação mais restritiva a companhias do setor. O gatilho para o risco entrar no radar veio das mensagens de Trump, publicadas no sábado no Twitter. O presidente acusou a Amazon de fazer o serviço postal do país perder “bilhões de dólares” com a entrega das encomendas do varejo on-line.

Na semana passada, o presidente americano já havia atacado a companhia, acusando-a de “matar shoppings e lojas de tijolos”. Os papéis da Amazon caíram 5,2% e impulsionaram as perdas do setor de tecnologia.

O mau humor de ontem teve como pano de fundo a volta dos temores de uma guerra comercial entre China e EUA. O governo do país asiático anuncioua decisão de sobretaxar, com alíquotas entre 15% a 25%, produtos agrícolas americanos. Foi uma resposta ao plano da Casa Branca de criar restrições sobre US$ 60 bilhões de importações da China.

“A guerra comercial dos EUA é contra o mundo, mas, quando as medidas atingem diretamente a China, isso emite um sinal de que pode haver uma escalada”, diz Damont Carvalho, gestor de fundos macro da Claritas Investimentos. Para o gestor, as incertezas, porém, devem ter vida curta. “As tensões atuais não mudam a tendência de alta dos mercados”, afirma.

O tombo das bolsas gerou uma reação em cadeia ao aumentar a procura por proteção. Isso comprimiu os rendimentos dos Treasuries e puxou para baixo o petróleo. Na renda fixa, os retornos das T-notes de 10 anos caíram a 2,732%, menor nível desde 31 de janeiro. O yield de dois anos recuou a 2,244%. O T-bond de 30 anos retrocedeu a 2,985%.

Já os preços do petróleo tiveram a maior queda diária desde 9 de fevereiro. O Brent para junho fechou em baixa de 2,5%, a US$ 67,64 por barril, na ICE, em Londres. O WTI para maio recuou 3%, a US$ 63,01 por barril, na Bolsa de Mercadorias de Nova York.

Fonte: http://www.valor.com.br/financas